Um passo à frente – recursos para minimizar os protestos infantis

Volta e meia alguma mãe me manda uma mensagem pedindo pra falar aqui sobre educação dos pequenos, especialmente dos de 2 anos. Não tenho receita pronta, nem fórmula mágica, mas tem uma coisa que tenho feito desde o nascimento do Filipe e intensificado nos últimos meses e me dá bons resultados que é antecipar as atividades daquele dia.

Se você lida com uma criança pequena, certamente já viveu uma cena parecida com a seguinte: o bebê está feliz e entretido brincando com suas coisinhas no chão quando um adulto vem por trás e o pega pelos braços dizendo – hora de tomar banho, ou hora de trocar de roupa, ou isso ou aquilo. O resultado é sempre o mesmo: choradeira e gritaria! E essa cena se repete inúmeras vezes ao dia, em situações semelhantes a essa e todos se estressam: adultos e crianças.

Na ótica do adulto, aquele bebê/criança está fazendo birra sem motivo nenhum, mas e na ótica da criança? Foi dito a ela o que aconteceria em seguida? Ela teve tempo de se preparar para a próxima atividade, de se desprender do brinquedo com o qual estava tão vinculada?

Um hábito simples, mas muito útil é antecipar para a criança as coisas que acontecerão em seguida. Não é dar o roteiro completo do dia. Uma criança pequena não tem condições de apreender tudo isso, basta adiantar a próxima etapa.

Vou dar um exemplo de como as coisas funcionam por aqui. Filipe acorda e vai tomar o café da manhã. Enquanto ele come eu aviso que depois de comer vamos tomar banho para sair. Terminado o café da manhã ele geralmente corre para o quarto e pega um brinquedo. Eu o lembro que, naquele momento, precisamos tomar banho. Sim, ele foge, corre pela casa, mas já sabe o que vai acontecer na sequência. Procuro deixar que leve um brinquedo para o banho como maneira de “adiantar o processo”. Logo que o banho começa vou avisando que depois do banho iremos vestir fralda e roupa (essa é uma das batalhas épicas se não houver antecipação!) e assim o dia segue, sempre antecipando o que vem em seguida.

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Quem ficaria feliz em ser interrompido num momento de tanta concentração?

Esse hábito não elimina os eventos de choro e de recusa, mas percebo que eles ficam bem menos frequentes e intensos. Ele mostra resistência, mas cede de maneira mais tranquila por já saber, de antemão, o que está por vir.

Outras situações em que a antecipação nos salvaram. O vovô precisou viajar e passar uns dias fora e ele e Filipe são muito vinculados. Na véspera da viagem expliquei o que aconteceria: o vovô viajaria de avião para visitar a bisa, mas iria voltar. Enquanto isso a vovó cuidaria do menino e todos sentiríamos saudades e precisaríamos fazer um “denguinho” um no outro. A história foi repetida por diversas vezes para ele e por ele durante todos os dias em que o vovô esteve fora. Com isso aprendeu a falar o nome da bisa, a nomear saudades e a ter contato com a ideia do “voltar”. No primeiro dia Filipe brincou todo o tempo com os objetos da gaveta do vovô. Foi a maneira que ele encontrou de manter a lembrança do cuidador ativa e isso foi respeitado.

Essa mesma situação se repetiu dias depois, dessa vez com a viagem da vovó e os mesmos recursos nos trouxeram os mesmos resultados: uma criança tranquila e segura do que estava acontecendo. Ele não se sentiu abandonado, apesar de sentir a falta de pessoas próximas e queridas.

Isso se repete quando um evento fora da rotina se aproxima: uma viagem, por exemplo. Começamos na véspera explicando para onde vamos, o que faremos, como será o deslocamento, quem veremos, etc, etc, etc.

E vale para qualquer pessoa, em qualquer idade. Imagine que você está no meio da leitura desse texto vem alguém e te toma o celular ou desliga o computador dizendo que está na hora de fazer tal coisa? Qualquer adulto reagiria contrariamente, se mostraria irritado e indignado, certo? Por que não tratar as crianças com a mesma educação que esperamos que dediquem a nós?

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