Ontem minha mãe e eu resolvemos dar um up na decoração do quarto das crianças. Saímos pra comprar material, fiz uns moldes e hoje colocamos a mão na massa. Estamos amando os resultados e Filipe também.
Já temos trocador novo e duas nuvens pra compor a cortina de arco-íris.
Enquanto costurava as nuvens de feltro lembrei-me da minha avó materna, Hilda. Foi ela quem me ensinou a bordar e a cada ponto que dava sua imagem, sua voz e seu toque eram revividos com carinho.
Minha avó tem 85 anos e foi diagnosticada com Alzheimer e Parkinson há cerca de 14 anos. Já faz um tempo que está acamada, não conversa e nem interage mais conosco. Não foi uma mulher de muito estudo, nem “psicologia” nos relacionamentos. Posso dizer que era do tipo “pavio curto”, mas extremamente carinhosa e, por mais estranho que pareça a uma pessoa mais nervosa, vovó era boa em ensinar.
Lembro-me perfeitamente de como me ensinou cada ponto de bordado que conheço. Alguns com nomes que só ela mesma para nomear. “Bostinha de rola”, conhece? É o ponto rococó, mas que pra mim sempre será associado ao coco da rolinha!
Enquanto costurava o feltro e me lembrava da vovó Hilda, minha mãe e eu conversávamos sobre ela. Tenho uma tia com síndrome de Down e vovó a levou à APAE por muitos anos. Enquanto aguardava os atendimentos, ela bordava. Algumas mães se interessaram e ela começou a ensiná-las a bordar. Com o tempo a recepção ficou pequena e minha avó pediu à diretora que liberasse uma sala onde elas pudessem permanecer. Começou ali um clube de mães que, mesmo após a saída da minha avó, continuou a existir.
Algumas das minhas tias e primas aprenderam a bordar com a vovó, mas todas nós guardamos com carinho peças presenteadas por ela a cada natal. O legado da vovó pode parecer simples, mas é extremamente significativo pra família. É nossa história, são os pontos que costuram nossas raízes e volta e meia florescem no tempo presente.
Qual tem sido seu legado para as próximas gerações? Como você será lembrada(o) por seus filhos e netos? Talvez devamos nos importar um pouco mais com isso e gastar mais tempo caminhando no Passo dos meninos, pois esse legado é construído enquanto caminhamos juntos.
Amando e rindo com o ponto”bostinha de rola” feliz por este blog, 😊 pelas experiências aqui contada. O quarto está ficando lindo!!!😍
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Hahaha, nunca conseguirei chamar esse ponto de rococó!!!
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Os lençóis que sua mãe fez pro Filipe são tão lindos… E tão significativos! Mostra mais pra gente!
E o quarto novo tá ficando lindo!
😘😘😘
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Acompanhar seus textos trazem muitas lembranças boas. Faz tempo que minha avó se foi, mas deixou o mesmo legado para a família. Fico aqui imaginando quando me tornar mãe, vão ser tantas coisinhas. kkkkkk
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Bom negócio Julyana. A minha ainda está viva, mas de uma forma bem diferente…
Apesar de não interagir mais essas memórias afetivas de quando era lúcida nos ajudam a superar.
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