Ser avô…
é ser de novo criança,
voltar ao mundo do faz de conta,
exercitar a paciência para explicar o óbvio,
a criatividade para não deixar perguntas sem respostas,
é deixar a comodidade que pede a idade,
brincar de pique-esconde,
ser cavalinho,
deitar e rolar no chão,
é levar e ser levado pela mão,
é ter o grande privilégio de ser guia,
ser espelho, ser degrau, ser voz, ser audição.
Ao escrever este texto, há já algum tempo, não havia ainda a figura do neto. Eu não tinha portanto, uma ideia clara do que era exercer a função de avô, ou talvez a tivesse, mas focada mais no meu deleite. Gosto, sempre gostei e mais sempre tive uma grande afinidade com as crianças, mesmo antes de ter tido filhos.
Ver uma criança sorrindo (felicidade), ou chorando (sofrimento) são situações que afetam muito meus sentimentos. Asações que arrolei neste texto pressupõem uma criança em estado de felicidade ou levando-a a este.
Isto é bom, é ótimo, é desejável e seria ideal que todos os avós assim o pensassem. A realidade porém, não é bem esta. Ser avô no sentido biológico é coisa que acontece independente de nosso querer. Ser avô em sentido amplo, pressupõe “tornar-se” e isto significa vir a ser, que por sua vez implica transformação. Transformação exige renúncias, adaptações, pede novos aprendizados e ainda por cima com os mais novos, o que as vezes nos desagrada um pouco, afinal tivemos filhos e os criamos, temos experiência.
O tempo passa, os comportamentos mudam, os estudos mostram que coisas tidas como corretas e aceitáveis ontem, hoje necessitam ser repensadas, precisamos estar atentos.
O neto chegou e assumimos uma nova tarefa, a da voternidade.
Vamos tentar compartilhar um pouco de nossa experiência.