Falta 1 dia para 2 aninhos e só agora percebo que errei na contagem regressiva!!!! Hahaha
Enfim, dia super agitado e cheio de afazeres. Bem diferente de 2 anos atrás.
Há 2 anos eu passei um domingo tranquilo, lendo e tomando chá o dia todo. Mal imaginava que aquela seria a noite mais intensa da minha vida.
A primeira contração com dor veio exatamente às 20h quando me deitei pra dormir um pouco frustrada por não haver sinal de trabalho de parto. E das 20h do dia 28/07/13 às 00h25min do dia 29 o mundo parou, tudo desapareceu e ali, na sala de casa éramos eu, o bebê ainda desconhecido e a dor.
Volta e meia enxergava de relance meu marido ou alguém da equipe, mas durante essas 4 horas permaneci ajoelhada com a cabeça afundada numa toalha vocalizando, gemendo, gritando, me arrependendo por ter escolhido viver aquela dor ao mesmo tempo em que acreditava que aquele era o meu caminho.
Nunca vivenciei um turbilhão tão grande de sentimentos contraditórios. Ao mesmo tempo em que queria a dor eu a rejeitava. E como eu xinguei mentalmente cada viv’alma que me falou de parto normal!!!!!!! Alexandre Coimbra e Daniela Leal, vocês estavam no topo da lista. Como eu me arrependi por ter dado ouvidos a vocês e por ter frequentado os encontros do Roda Viva!!! Eu queria sumir… era a partolândia, era o final, aquele momento em que é preciso mergulhar fundo na dor pra encontrar o propósito do nascimento.
E mergulhei e era fundo, tão fundo que o ar me faltou, mas fui, aos poucos, sendo içada pelos olhares e palavras gentis de Ana Boulhosa (doula) e Suzana Montenegro (enfermeira).
E a superfície chegou num expulsivo surpreendente, lindo, suave, sem dor, sem medo, em paz… mas aí já é história pra amanhã, dia 29….
O parto é um rito de passagem, um daqueles episódios que transformam uma mulher e também sua família pra sempre. Dói, amedronta, sufoca, mas fortalece, cresce, renasce, transborda e flui. Flui um oceano de sensações enebriantes e inexplicáveis pra quem nunca viveu. E o torpor que ele proporciona nos faz esquecer a dor e falar dele com romantismo e paixão, assumindo o lugar de quem será xingada pela próxima amiga que lhe der ouvidos e parir!
E hoje cá estou, relembrando essa história e esperando o dia em que o bebê 2 me levará novamente para esse lugar não mais desconhecido, mas nem por isso menos intrigante e desafiador. Que ele venha como e quando quiser, assim como Filipe. Me ensinando que caminhar No passo dos meninos é, muitas vezes, trilhar caminhos novos com a segurança de quem já os conhece, mas como o mesmo frio na espinha de quem nunca os percorreu!