Eu sempre tive certeza de que ela me ama pois desde que me entendo por gente recebo demonstrações diárias de seu amor. Mesmo quando alguns a chamavam de “general” pela maneira rígida com que conduzia minha educação, eu sentia amor.
Minha mãe foi do tipo linha dura. Tínhamos regras, obrigações no serviço da casa, éramos cobrados, corrigidos, ensinados, mas sempre com muito colo, muito dengo, muitas palavras de afeto e de incentivo.
E por mais que eu tenha crescido com a certeza desse amor, eu não tinha ideia da profundidade dele até o dia em que eu, como mãe, olhei Filipe pela primeira vez com o mesmo olhar que ela sempre me dirigiu. Lembro-me de ter sido numa das primeiras madrugadas de choro intenso dele, por volta da segunda semana de vida. Era aquele choro que não se explicava. Ele estava alimentado, seco, aquecido e já tinha feito coco. Parecia que chorava pelo simples fato de ter nascido e não havia muito o que fazer para consolá-lo.
Ali, no escuro da sala, embalando meu primeiro filho, me enxerguei mãe, parte da minha mãe. Entendi uma fração do que ela sentiu por mim desde que cheguei ao mundo. Chorei junto com Filipe, não por ter nascido, como ele, mas por ter vivido por trinta anos sem conseguir entender na profundidade certa o que os olhos dela sempre me disseram. Me arrependi pelos julgamentos, pela rebeldia da adolescência, pela ignorância. Resignifiquei minha mãe, passei a respeitá-la de outra forma e nasci.
Ali, naquela noite, nasci como mãe. Não foi na gestação, nem tão pouco no momento mágico do parto. Foi no dia em que meus olhos olharam outra pessoa com o olhar com que sempre fui olhada.
Te amo mama querida, hoje muito mais que há dois anos atrás!
Que texto maravilhoso! Descreve exatamente como eu me senti com minha mãe, depois que minha filha nasceu. Adorei seu blog! Quanta sensibilidade!
Bjs
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Que bom que gostou Natália. Tem coisas que só vivendo pra entender, não é?
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