Parece falha da natureza, nasce o bebê, mas o leite não vem junto com ele! Praticamente toda puérpera em nossa sociedade vive um pouquinho da angústia de aguardar pela descida do leite e se esforçar para acreditar que aquelas gotinhas de colostro serão suficientes para alimentar o bebê.
Não bastasse a angústia da mãe, ainda vem os pitacos não solicitados de pessoas próximas alertando sobre o choro de “fome”, sobre o leite ser “fraco” ou não ser suficiente, as prescrições médicas de fórmula ainda na maternidade e mais uma tonelada de dúvidas em torno da capacidade daquela mulher nutrir seu filho.
Afinal, o que fazer enquanto o leite não vem?
No último trimestre gestacional, o corpo da mãe já começa a produzir colostro, aquela substância amarela, viscosa e espessa, rica em nutrientes e com propriedades imunológicas. Nos primeiros dias de vida do bebê, o colostro será sua única fonte de nutrição e é importante que seja.
Para a mãe, manter apenas colostro ajudará:
- na descida do leite maduro que depende, em parte, do estímulo de sucção do recém nascido ao peito da mãe;
- no estabelecimento do vínculo com aquele bebê, que deverá ficar o máximo de tempo possível em contato com mãe;
- no ajuste da pega correta – fissuras mamilares, sangramento e dor não são causados por falta de preparação do peito, mas, geralmente, por pega errada. Enquanto o corpo produz apenas colostro, a mãe pode ajustar a pega, corrigindo sempre que necessário (veja aqui dois vídeos sobre a pega correta e correção da pega).
Para o bebê, manter-se nutrido do colostro ajudará:
- no processo de imunização (colostro não substitui vacinas, ok?);
- a viver a transição do ambiente intrauterino para o externo de maneira mais suave, desfrutando de contato constante com a mãe;
- no aprimoramento do reflexo de sucção e da deglutição que serão demandados ainda mais com a descida do leite.
Mas será que só aquelas gotinhas que saem quando eu espremo meus mamilos serão suficientes? Sim! A expressão dos mamilos pela mãe e a sucção do bebê são completamente diferentes. Acredite, bebês são muito eficientes em mamar! Além disso, o estômago de um recém-nascido é pequeno e vai aumentando na proporção de tempo que o leite leva para descer. É uma sincronia perfeita. Veja a imagem abaixo retirada da internet.
Essa pequenez do estômago de um recém-nascido também explica a necessidade que ele tem de mamar com intervalos muito curtos. Não é porque o leite não está sustentando, é porque o bucho é pequeno, precisa ser abastecido várias vezes ao dia!!
Acreditar que seu corpo é capaz de produzir o que seu bebê precisa é o primeiro passo para uma amamentação bem sucedida. Tapar os ouvidos para os pitacos não solicitados é o segundo. Procurar informação de qualidade, outra decisão de extrema importância (existem grupos de apoio virtuais específicos pra isso e listo alguns abaixo). Buscar ajuda sempre que necessário é um último e valioso conselho. Há bancos de leite em todo país com suporte para lactantes e existem profissionais especializados em consultoria de amamentação. Não exite em pedir ajuda. A introdução precoce e desnecessária da fórmula e o uso de mamadeiras podem desencadear um desmame precoce, além de processos alérgicos.
Uma partilha da minha experiência: Filipe viveu plugado no peito nessa fase de RN. Meu leite desceu com 5 dias. Até essa descida, as mamadas duravam 40 minutos e o intervalo entre elas era bem pequeno. Com João eu comecei a produzir colostro no terceiro trimestre de gestação. No parto, o colostro saía de jato quando expressado. Como havia com fartura, João mamava em 5 minutos e ainda tinha colostro pra Filipe. O leite desceu no 3º dia e, desde então, meu mundo gira em torno dele, esse ouro branco tão precioso!
Links úteis
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